A controvérsia por trás da série “Senna” na Netflix: omissões, tensões e escolhas narrativas

A série “Senna”, lançada no último dia 29 de novembro pela Netflix, tem gerado uma repercussão intensa — e em grande parte negativa — entre fãs e críticos. A produção, que aborda a vida e carreira do tricampeão mundial de Fórmula 1 Ayrton Senna, está sendo alvo de críticas pela forma como tratou um dos capítulos mais polêmicos da vida pessoal do piloto: seu relacionamento com Adriane Galisteu, última namorada antes de sua morte em 1994.

A ausência de Adriane Galisteu

Com um total de seis episódios, a série dedica apenas 2 minutos e 34 segundos à figura de Adriane Galisteu, enquanto outros relacionamentos do piloto, como o com Xuxa Meneghel, ganharam destaque significativamente maior. Um episódio inteiro, intitulado “Paixão”, foi dedicado à apresentadora, que teve um romance breve com Ayrton nos anos 1980, mas é frequentemente exaltada pela família do piloto.

Na série, a breve aparição de Galisteu se resume ao momento em que conhece Ayrton e, depois, à cena de seu funeral, enquanto Xuxa é retratada como o grande amor da vida do piloto. Muitos fãs consideraram essa escolha um reflexo direto da antipatia da família por Adriane e um apagamento de sua importância nos últimos 18 meses da vida de Ayrton.

De acordo com informações de bastidores, a decisão de reduzir a participação de Galisteu teria sido fruto de uma longa negociação com a família Senna. Viviane Senna, irmã do piloto e principal representante familiar, supostamente teria imposto como condição para colaborar com a série que Adriane fosse excluída. A Netflix, no entanto, se recusou a omitir completamente a última companheira de Ayrton, optando por uma solução que minimizou drasticamente sua presença.

Tensões antigas e o impacto na narrativa

As tensões entre Galisteu e a família Senna remontam ao período logo após a morte do piloto. Na época, Viviane chegou a fazer duras declarações à imprensa, acusando Adriane de se beneficiar da imagem de Ayrton, especialmente após o lançamento do livro “Caminho das Borboletas”, em que a ex-modelo relatava os 405 dias de seu relacionamento com o tricampeão.

Nas redes sociais, muitas pessoas ficaram revoltadas com a série por minimizar bastante o papel de Galisteu na vida do tricampeão. Houve muitas críticas a Viviane, que é presidente do Instituto Ayrton Senna.

Alguns internautas chegaram a acusar a série de manipular as cenas românticas que o piloto teve com Galisteu, colocando Xuxa no lugar.

Em entrevista recente ao canal Motorsport Brasil, a ex-assessora do piloto, Betise Assumpção, afirmou que, além de Galisteu, a família não gostava nem mesmo de Xuxa e revelou os possíveis motivos.

A polêmica reflete no legado

A série “Senna” foi idealizada para celebrar a vida e o legado de um dos maiores ícones do esporte mundial. Contudo, as escolhas narrativas e os conflitos familiares acabaram gerando uma repercussão mista, levantando questionamentos sobre até que ponto produções biográficas podem ser moldadas por interesses pessoais.

Enquanto o público revisita os feitos de Ayrton na Fórmula 1, a discussão sobre como diferentes figuras em sua vida foram tratadas na série coloca em evidência o impacto das memórias disputadas sobre a construção de uma história. A produção da Netflix, estrelada por Gabriel Leone, está disponível no streaming, dividindo opiniões sobre o que foi contado — e o que ficou de fora.

Compartilhar: - -
Sair da versão mobile