MP-BA abre investigação contra cantora Claudia Leitte por mudar letra de música

A cantora Claudia Leitte tornou-se alvo de uma investigação conduzida pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) por suposta prática de racismo religioso, após modificar a letra de uma canção tradicionalmente associada ao orixá Iemanjá das religiões Candomblé e Umbanda.

Durante um show em Salvador no último sábado (14), a artista substituiu a referência ao orixá por uma citação a Jesus Cristo, usando o nome hebraico Yeshua na sua música “Caranguejo”.

A ação gerou uma denúncia formal protocolada pela sacerdotisa Jaciara Ribeiro, do terreiro Ilê Axé Abassa de Ogum, e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro).

A Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, representada pela promotora Lívia Sant’Anna Vaz, instaurou um inquérito civil para investigar a conduta da cantora. De acordo com a promotora, o procedimento visa apurar a possível violação de um bem cultural e os direitos das comunidades religiosas de matriz africana, além de avaliar uma eventual responsabilização criminal de Claudia Leitte.

Em nota, o MP-BA reforçou que a investigação tem como foco verificar se houve intolerância religiosa ou discriminação ao substituir um elemento culturalmente relevante para as religiões afro-brasileiras por uma menção cristã. A promotora destacou que o caso envolve a proteção de direitos fundamentais ligados à diversidade religiosa e à preservação de patrimônios culturais.

Por outro lado, o caso provocou indignação nas redes sociais, com muitas pessoas saindo em defesa da cantora, inclusive aquelas que não são fãs de seu trabalho. Para alguns, a atitude do Ministério Público foi interpretada como uma perseguição desproporcional à artista, gerando questionamentos sobre os limites da liberdade artística e religiosa no país.

A análise do MP-BA segue em andamento e poderá trazer consequências civis e criminais para a artista, dependendo dos resultados das apurações.

Claudia Leitte, que é declaradamente cristã, ainda não se manifestou publicamente sobre a investigação.

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