Em setembro, Tallis Gomes, fundador do G4 Educação, sofreu um grande cancelamento após uma declaração sobre mulheres em cargos de liderança. Durante uma interação no Instagram, Gomes respondeu a um seguidor sobre a possibilidade de se casar com uma mulher CEO: “Deus me livre de mulher CEO”. Ele justificou o comentário afirmando que a posição de CEO envolve altos níveis de estresse e pressão, o que pode afetar o bem-estar físico e psicológico.
A repercussão foi instantânea e negativa nas redes sociais. No entanto, seus seguidores se dividiram entre os que acharam a declaração absurda e aqueles que não viram nada demais.
Em resposta a grande repercussão, Gomes utilizou a mesma plataforma para se desculpar. “Reconheço que minhas palavras foram mal colocadas e não refletem os valores pessoais nem os da minha empresa, o G4 Educação. Estou profundamente arrependido e peço desculpas a todos que se sentiram ofendidos”, afirmou.
Entretanto, as consequências não pararam por aí. Pressionado pela opinião pública e preocupado com a reputação da empresa, Tallis renunciou aos cargos de CEO e presidente do conselho do G4 Educação. Em seu lugar, foi nomeada Maria Isabel Antonini, marcando um momento de transição significativo para a empresa.
Em um evento recente, Tallis compartilhou os bastidores da crise e como ele lidou com a situação. Ele descreveu o período como o maior desafio já enfrentado pelo G4 Educação e revelou que, inicialmente, não compreendeu a proporção que o caso tomaria. “Na hora que eu vejo, o mundo só falava disso no Brasil”, recordou.
Tallis destacou que, diante da crise, havia duas formas de reagir: de maneira impulsiva ou estratégica. Optando pela segunda abordagem, ele e sua equipe convocaram uma reunião emergencial do conselho e contrataram uma das melhores agências de gestão de crise do mercado, especializada em situações de alta complexidade.
“Criamos um comitê de crise, envolvendo especialistas e grandes empresários, para decidir cada passo de forma calculada”, explicou.
Ele também revelou a criação de um framework interno chamado ACM (Agile Crisis Management), que guiou as decisões durante o período turbulento. O modelo prioriza adaptabilidade, comunicação assertiva e foco em soluções.
Um dos momentos mais difíceis, segundo Tallis, foi a decisão de renunciar.
“Entendi que a melhor forma de proteger a empresa era entregar minha cabeça em uma bandeja de prata”, confessou. A escolha de Maria Isabel Antonini como nova CEO foi pautada por sua experiência e capacidade de enfrentar desafios. “Ela é cascuda, é nós de saia. Confio completamente nela”, disse.
Apesar do desgaste pessoal e profissional, Tallis vê o episódio como um aprendizado sobre liderança e responsabilidade. Ele reforçou que o verdadeiro líder não apenas assume erros, mas busca mitigar seus impactos de forma madura e estratégica. Hoje, fora da liderança direta, ele continua a apoiar o G4 Educação como mentor e acionista.