A Disney está buscando anular um processo de morte por negligência movido pelo marido de uma médica da Universidade de Nova York, alegando que ele renunciou ao direito de levar o caso aos tribunais ao se inscrever no serviço de streaming Disney+ anos atrás, segundo documentos judiciais.
A médica Kanokporn Tangsuan, de 42 anos, faleceu devido a uma reação alérgica grave conhecida como anafilaxia, apenas algumas horas após jantar no Raglan Road Irish Pub and Restaurant com seu marido, em 5 de outubro, segundo a denúncia original.
Conforme consta no processo, a médica havia enfatizado repetidamente aos funcionários do restaurante que tinha alergia a nozes e laticínios ao fazer o pedido de vieiras, anéis de cebola, brócolis e bolinhos de milho. Pouco depois de sair do restaurante, Tangsuan começou a ter dificuldade para respirar e desmaiou.
Mesmo após a aplicação imediata de uma injeção de epinefrina, ela faleceu em um hospital local, segundo a ação judicial.
Jeffrey Piccolo, viúvo de Kanokporn Tangsuan, está processando a gigante dos parques temáticos, alegando que sua esposa sofreu uma reação alérgica fatal pouco depois de comer em um restaurante no Disney Springs, na Flórida, em outubro do ano passado.
No entanto, a Disney argumenta que o processo de US$ 50.000 deveria ser retirado dos tribunais, pois Piccolo teria concordado em arbitrar todas as disputas com a empresa quando se inscreveu para um teste gratuito do Disney+ em 2019, conforme consta nos documentos apresentados à justiça.
Os advogados de Piccolo criticaram duramente a última moção da Disney, classificando-a como “absurda” e “extremamente irracional”.
Na moção apresentada em 31 de maio no tribunal do condado de Orange, na Flórida, a Disney alegou que o contrato de assinatura do Disney+ assinado por Piccolo em seu PlayStation exigia que qualquer disputa — com exceção de pequenas reivindicações — fosse “resolvida por arbitragem individual obrigatória”.
A empresa também afirmou que Piccolo aceitou termos semelhantes ao usar o aplicativo “My Disney Experience” para comprar ingressos para visitar o parque temático Epcot em setembro do ano passado — um mês antes da viagem que acabou em tragédia.
A Disney argumenta que ambos os acordos exigiam que Piccolo consentisse com a cláusula de arbitragem antes de efetuar qualquer compra, conforme descrito nos documentos judiciais.
Os advogados de Piccolo responderam em 2 de agosto, insistindo que a argumentação da Disney é “gravemente falha”.
“A ideia de que os termos acordados por um consumidor ao criar uma conta de teste gratuito no Disney+ impediria para sempre o direito desse consumidor a um julgamento por júri em qualquer disputa com qualquer afiliada ou subsidiária da Disney é tão absurdamente irracional e injusta que chega a chocar a consciência judicial, e este tribunal não deve aplicar tal acordo,” escreveram os advogados.
Eles também argumentam que Piccolo entrou com o processo de morte por negligência como “representante pessoal do espólio de Kanokporn Tangsuan” e não em nome próprio.
Jeffrey Piccolo está buscando mais de US$ 50.000 em danos com base na lei de morte por negligência da Flórida, além de indenização por dor e sofrimento mental, perda de renda e despesas funerárias.