O Brasil está enfrentando, neste ano, um cenário alarmante de queimadas, superando todos os recordes anteriores. No entanto, a comoção pública em busca de um culpado parece ter diminuído em comparação a anos anteriores, quando a indignação dos artistas foi vocalizada em músicas e campanhas. No governo passado, artistas nacionais e internacionais não hesitaram em condenar o então presidente, responsabilizando-o diretamente pela devastação ambiental. Mas agora, diante de um quadro ainda mais grave, o silêncio desses mesmos artistas é ensurdecedor.
A cantora Anitta, que durante a última eleição deu apoio explícito ao Lula, foi uma das figuras que os fãs cobraram por um posicionamento frente às queimadas. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Anitta decidiu quebrar o silêncio, mas suas palavras soaram evasivas. Culpando grandes indústrias e o cidadão comum, a artista não mencionou em nenhum momento o governo atual, que ela tanto apoiou. Essa omissão foi rapidamente percebida e criticada nas redes sociais, principalmente porque, no governo Bolsonaro, as críticas eram direcionadas sem hesitação ao presidente.
Outro exemplo emblemático é o de Juliette, campeã do BBB 21, que também apoiou Lula nas eleições de 2022. Seguindo a mesma linha de Anitta, Juliette afirmou que a culpa das queimadas é de todos, uma declaração que gerou revolta nas redes sociais. O discurso de que “a culpa é de todos” soa como uma forma de diluir a responsabilidade, resultando em uma percepção de que, no fim das contas, ninguém é realmente culpado.
O que fica claro é que muitos dos artistas que antes atacavam o governo de forma veemente, hoje preferem apontar para causas difusas, como as mudanças climáticas. Embora as mudanças climáticas sejam, de fato, uma parte crucial do problema, é intrigante como a narrativa mudou tão drasticamente quando o governo que eles apoiaram chegou ao poder.
Essa aparente mudança de postura levanta questões sobre a real motivação desses artistas. Será que a preocupação ambiental era genuína ou estava, de fato, atrelada a interesses políticos? A politização de uma pauta tão importante como a ambiental é perigosa, pois ao ser instrumentalizada, perde-se a oportunidade de uma discussão sincera e apartidária sobre soluções reais.
A situação é preocupante, pois enquanto os artistas, que têm uma enorme influência sobre a opinião pública, se mantêm em silêncio ou desviam a culpa para alvos indefinidos, o meio ambiente continua a sofrer. E pior, a população, que esperava por uma postura firme e coerente de seus ídolos, se vê decepcionada com a seletividade na indignação e na cobrança por mudanças.