Tânia Bulhões descontinua coleções após polêmica no TikTok

A marca de luxo brasileira Tânia Bulhões está no centro de uma polêmica após a divulgação de vídeos no TikTok que questionam a originalidade e o valor de suas xícaras. A controvérsia começou quando a influenciadora de viagens Izadora Palmeira compartilhou sua experiência ao encontrar, em um café simples na Tailândia, uma xícara idêntica à da coleção Marquesa da Tânia Bulhões, porém sem o logotipo da marca. Ao comparar com sua própria peça, percebeu que eram iguais, exceto pela ausência da marcação.

A partir desse relato, outros usuários investigaram e descobriram que, ao raspar o fundo das xícaras da Tânia Bulhões, encontravam marcas de outros fabricantes, sugerindo que as peças seriam adquiridas de terceiros e apenas rebrandadas pela empresa brasileira.

A influenciadora Isa Rangel, por exemplo, publicou um vídeo relatando que uma amiga, que diz ter louças da marca, aproveitou um pires que caiu e quebrou e raspou a impressão “Tânia Bulhões” que constava no fundo. Para sua surpresa, encontrou a inscrição de produto feito na Turquia.

O comentarista político Caio Mastrodomenico também fez o “teste da raspagem” e encontrou a inscrição “feito na Turquia” também.

A marca chegou a notificar extrajudicialmente a influenciadora Isa Rangel para que retirasse o vídeo de sua página, o que não foi feito. A marca então publicou em seu perfil esclarecimentos sobre seus produtos, seu processo criativo e alegando que teria sido copiada por um fornecedor.

Em resposta às acusações, a Tânia Bulhões chegou a notificar extrajudicialmente a influenciadora Isa Rangel para que retirasse o vídeo de sua página, o que não foi feito.

Alguns dias depois, a marca emitiu uma nota afirmando que não fabrica todos os seus produtos internamente e que um de seus parceiros teria descumprido acordos contratuais, comercializando sobras de produção sem autorização no mercado local.

Diante da repercussão negativa, a marca decidiu descontinuar as coleções Marquesa, Mediterrâneo, Lírio e Entre Rios, oferecendo aos clientes a opção de troca ou devolução dos produtos já adquiridos. Além disso, a empresa revelou planos de expandir sua produção própria para garantir mais controle sobre qualidade e design, incluindo a construção de uma fábrica em Uberaba (MG) e a aquisição do controle acionário da Royal Limoges, uma das mais tradicionais fábricas de porcelana da França.

“Primeiramente, gostaríamos de expressar nosso profundo agradecimento aos clientes que trouxeram essa questão à tona, em especial à cliente que inicialmente compartilhou o tema no TikTok. A visibilidade desse episódio foi essencial para que pudéssemos tomar as ações necessárias.

Diante dos acontecimentos, realizamos uma auditoria com todos os nossos fornecedores e entendemos que não há mais segurança para seguirmos executando a produção das seguintes coleções: Marquesa, Mediterrâneo, Lírio e Entre Rios. Por isso, tomamos a decisão de descontinuar sua fabricação até que nossa própria fábrica de porcelana, atualmente em construção em Uberaba, MG, esteja apta a produzi-las.

Com a aquisição da fábrica Royal Limoges, na França, e a construção da nossa fábrica em Minas Gerais, passaremos a produzir 100% da nossa porcelana em nossas próprias fábricas, garantindo ainda mais controle, qualidade e segurança em cada peça.

Pedimos desculpas aos nossos clientes por toda a insegurança gerada e pelos questionamentos absolutamente legítimos que surgiram nos últimos dias.

Sabemos que desafios fazem parte desse caminho e reforçamos nosso compromisso em aprender com cada experiência para continuar entregando excelência, beleza, aconchego e confiança aos nossos clientes.

Equipe Tânia Bulhões”

Clientes não ficaram muito satisfeitos com a nota da empresa.

“Uma empresa desse porte nunca teve esse tipo de controle? Foram alertados por alguém no TikTok? Meu Deus… decepção como cliente!”, disse uma cliente em resposta à nota.

“Eu tenho essa coleção inteira que me custou mais de 16 mil reais. Achei que realmente estava comprando algo desenhado pela Tânia. O pior não é o dinheiro gasto, porque paga quem quer, o pior é ser enganado. Sou cliente de vocês há anos, tenho vários jogos. Estou totalmente decepcionada com a marca. Pra mim, nunca mais. Isso é grandiosamente desrespeitoso e desleal com o cliente. Pra mim, perdeu totalmente a admiração.”, disse outra cliente.

A polêmica também trouxe à tona um episódio do passado envolvendo a fundadora da marca, Tânia Bulhões, que em 2010 foi condenada pela Justiça Federal por fraude em importações, sendo acusada de subfaturar mercadorias e movimentar dinheiro ilegalmente. A pena foi convertida em serviços comunitários e multa destinada a instituições de caridade.

O caso levantou questões sobre transparência, originalidade e práticas comerciais no mercado de luxo.

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