Silas Malafaia detona Bolsonaro em entrevista à Folha de São Paulo

O pastor Silas Malafaia, conhecido por sua influência no meio evangélico e até então um forte aliado de Bolsonaro, expressou forte descontentamento com a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro durante as recentes eleições municipais em São Paulo. Ao final do primeiro turno, o pastor concedeu uma entrevista para Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.

Na entrevista, Malafaia atacou frontalmente Bolsonaro pelo apoio tímido à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e por não ter criticado suficientemente o candidato Pablo Marçal (PRTB). Ele questionou: “Que porcaria de líder é esse?” e afirmou que um verdadeiro líder não deve se guiar exclusivamente pelas redes sociais.

Na visão dele, o eleitorado se dividiu porque Bolsonaro não se posicionou com firmeza e não desmascarou Pablo Marçal. Ele também mencionou o caso de Cristina Graeml, em Curitiba, que surpreendeu ao avançar para o segundo turno contra um candidato do PSD, apoiado por Bolsonaro. A candidata do PMB, também de direita, conseguiu uma votação expressiva sem apoio de nenhum político e foi totalmente boicotada nos debates e pesquisas.

O pastor também revelou uma conversa telefônica com o ex-presidente Jair Bolsonaro, em que relatou que ele estava chorando, deprimido, em sua casa de praia em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Segundo Malafaia, o motivo da angústia de Bolsonaro era a prisão de várias pessoas próximas a ele.

Além da decepção com Bolsonaro, o pastor também externou frustração com o senador Magno Malta e os deputados Marco Feliciano e Nikolas Ferreira.

O pastor elogiou a postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmando que ele demonstra uma verdadeira liderança. Malafaia declarou que, se Bolsonaro continuar inelegível até 2026, apoiará Tarcísio para a presidência, destacando que o governador demonstrou caráter e coragem em suas ações políticas.

Em resposta à entrevista de Malafaia, Flávio Bolsonaro declarou, por meio de nota ao Metrópoles, que “roupa suja se lava em casa, e não em público”. Flávio defendeu que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, agiu de maneira correta e foi decisivo para levar Ricardo Nunes ao segundo turno em São Paulo, destacando que sem ele Nunes não estaria no segundo turno.

“Roupa suja se lava em casa, e não em público. O presidente Bolsonaro fez o que tinha que ser feito, no momento certo, e foi decisivo para o cenário em São Paulo. Se não fosse Bolsonaro, Ricardo Nunes não estaria no segundo turno. Assim como foram decisivos Tarcísio e Malafaia, cada um na sua função, como um time de futebol que não ganha só com atacantes. A fase agora é de distensionamento e, sem orgulho e vaidade, vamos juntos vencer a extrema-esquerda em São Paulo. 2026 já começou e precisamos ser mais racionais que emotivos”.

O desembargador aposentado Sebastião Coelho também se pronunciou sobre a polêmica entrevista de Malafaia e afirmou que o pastor está fazendo um cálculo político.